terça-feira, abril 26, 2005

O maldito!

Bem, caro Miguel, cá estou eu a cumprir o prometido. Demorei mais do que o inicialmente previsto, mas cá está.
Para quem não sabe (mas quer saber) isto é um questionário que anda a correr pela blogosfera há não sei quanto tempo, e tanto quanto sei nem sequer começou cá em Portugal. O Miguel nomeou-me um dos seus seguidores, e eu cumpro. Afinal, não ia deixar mal um amigo que tanto prezo.
Cá vai:

Não podendo sair do Farenheit 451, que livro quererias ser?

Ora bem, isto afigura-se-me complicado, mas tenho que dizer dois livros. O primeiro, o favorito: “Por quem os sinos dobram” de Hemingway. A guerra civil espanhola, vista pelos olhos de um dos melhores (se não o melhor) escritor do século XX, que para mais esteve lá. A vida em Espanha durante a guerra, seja em plena cidade, seja escondido com um grupo de homens que lutam até à morte pelo seu país, no seu país, com tudo o que ele tem de mais conflituoso, fechado, e até sensual.
Camarada Dias, foi o melhor livro que alguma vez me deram nos anos.
O segundo: “Esteiros”, de Soeiro Pereira Gomes. Um livro de denúncia social, um livro de combate, de luta, que segue a vida de crianças da Lezíria. Segundo o próprio, um livro “para os homens que nunca foram meninos”.

Já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?

Várias vezes, a última das quais por esta senhora:

Mas calculo que isto não conte.
Fora estas paixões que tenho de vez em quando, já. Duas vezes. A primeira: Júlia, do “1984” do Orwell. Aquela mulher é uma lufada de ar fresco na vida de um homem que já não encontra motivos para sorrir. Aquela mulher, para aquele homem, é a Vida. E é uma mulher por quem eu também me apaixonaria, se o mundo fosse o que é no livro.
A segunda, Maria, “Por quem os sinos dobram”. Grande dias, tens todo o meu apoio na tua análise: “(...)Maria é diferente, é uma beleza natural, original, a passar por momentos críticos, a ser mulher quando se espera uma criada, a ser corajosa quando se espera que se esconda, e a ser provocadora quando não se espera nada...”


Qual foi o último livro que compraste?

Comprar mesmo, há algum tempo que não compro. Os últimos foram todos BD: Corto Maltese (a colecção do Público) – Hugo Pratt; Luís Má Sorte: Lo Zio - Giroud, Dethorey; e A Casta dos Metabarões: Oda, a Bisavó -Jodorowsky e Gimenez.
Fora isso, estive em Chaves e trouxe livros do meu avô: “Sorge, o espião que veio de Moscovo” – S. Goliakov, V. Ponizovski; “O espião que saiu do frio” – John Le Carré; “Os centuriões” – Jean Lartéguy; e “Perestroïka” – Mikhaïl Gorbatchev.

Qual foi o último livro que leste?

Tintim no país dos sovietes” – Hergé. E um policial chamado “O juíz e o seu carrasco” de um tais de Friedreich Dürrenmatt.

Que livros estás a ler?

Sorge”, que é a biografia de um espião ao serviço de Moscovo entre as duas Guerras Mundiais e durante a Segunda, que supostamente era espião pela Alemanha, mas trabalhava mesmo para a Rússia.
Moby Dick”, do Herman Melville, que a história da baleia mais famosa do mundo (a seguir à Cimara); mas muito espaçadamente.
A mais alta solidão”, do João Garcia. A história da escalada que ele fez ao Evereste. Esse então, estou a lê-lo aí há uns dois anos. Leio um capítulo a cada par de meses.
Fora isso, é Tintins e Astérixes.

Cinco livros que levarias para uma ilha deserta.

Sorge, o espião que veio de Moscovo”; “O espião que saiu do frio”; “Os centuriões”; “Perestroïka”; “Moby Dick”- Propus-me a lê-los, e era uma boa oportunidade.
Ou então: “As jóias de Castafiore”; “Astérix e os Godos”; “Corto Maltese na Sibéria”; “O menino Nicolau e os amigos”; e “O essencial de Calvin & Hobbes”.

Três pessoas a quem vais passar o teste, e porquê.

Ao Loff – porque é um gajo que gosta de coisas boas, e em livros não deve ser excepção.
À Sangria – porque gosta de livros bons, e assim pode ser que apareça mais vezes na Tediocracia.
Ao grande Manuel – porque de vez em quando anda com a mania que desaparece, e assim vamos ter mais um post enorme, daqueles que ele à vezes se lembra de pôr.